sexta-feira, 6 de maio de 2011

O Juramento dos Trinta e Três Orientais

Juan Manuel Blanes, El Juramento de los Treinta y Tres Orientales, 1877. Museu Nacional de Artes Visuais, Montevidéu.

Para a análise de hoje, outra obra de grandes dimensões: “El Juramento de los Treinta y Tres Orientales”, do pintor uruguaio Juan Manuel Blanes. A pintura foi concluída em 1877, e doada no ano seguinte ao governo uruguaio. O quadro, um óleo sobre tela, tem 3,11 por 5,64 metros e se encontra no Museu Nacional de Artes Visuais, em Montevidéu.

O processo histórico ao qual a pintura se refere são as lutas de independência do Uruguai contra o Brasil, em 1825. Trinta e Três Orientais é o nome pelo qual ficou conhecido o exército libertador liderado por Juan Antonio Lavalleja. A cena representada é o desembarque de Lavalleja e seus companheiros à praia de La Agraciada. Na pintura, os companheiros estão com os braços levantados, alguns com espadas em riste, em sinal de juramento, ritual de forte significado de patriotismo, o juramento de liberdade ou morte. No centro, o local mais iluminado, estão representados aqueles que foram glorificados como os principais heróis nacionais, J. A. Lavalleja, segurando a bandeira vermelha, azul e branca, com os dizeres libertad o muerte no centro, e Manuel Oribe, do seu lado direito segurando o chapéu no alto.

A obra foi produzida em um período em que as elites intelectuais e políticas uruguaias estavam profundamente preocupadas com a construção de uma consciência nacional, existia um projeto de formação de uma identidade nacional uruguaia que contava com a historiografia, a literatura e a pintura. Juan Manuel Blanes estava incluído nesse projeto, e seu quadro teve participação fundamental em tal processo de formação identitária.

Quando foi exposto pela primeira vez, o quadro provocou enorme comoção popular, por causa dele até hoje J. M. Blanes é conhecido no Uruguai como “el pintor de la patria”. Sua pintura ajudou a construir todo um imaginário sobre o processo de independência uruguaio. Criou símbolos e heróis nacionais, ajudou a erigir um conjunto de ações ao patamar de um mito fundacional da nação uruguaia, contribuindo para a construção de um passado heróico, uma memória coletiva e de uma identidade nacional. A imagem que se teve durante muito tempo (e que muitos ainda têm) sobre o processo de independência uruguaio é profundamente marcada pela pintura “El Juramento de los Treinta y Tres Orientales”, como se a própria realidade estivesse retratada pelo pincel de Blanes, tão forte foi sua influência para a formação da nacionalidade uruguaia.

2 comentários:

  1. Nossa, e já fazem 8 anos desde esta publicação... O tempo passa, meu amigo, o tempo a vida resvala... Só vim comentar, além de tudo, por não haver nenhum comentário e ter sido uma boa publicação. Comentai para que, mesmo que quase uma década depois, tenha valido a pena o trabalho que vosmecê teve.

    ResponderExcluir
  2. Nossa, e já fazem 8 anos desde esta publicação... O tempo passa, meu amigo, o tempo a vida resvala... Só vim comentar, além de tudo, por não haver nenhum comentário e ter sido uma boa publicação. Comentai para que, mesmo que quase uma década depois, tenha valido a pena o trabalho que vosmecê teve.

    ResponderExcluir